... finda a bonança, e chegada a tempestade que cercava, o que resta é abandonar as armas
e retomar a luta ...

quinta-feira, 24 de maio de 2012

:::luz, sombra...emoção:::

... talvez não nos demos conta de que nuvens negras estão próximas, ou do quanto já estamos envoltos por elas, ou até de que sempre estivemos submersos. ou enfim de que elas fazem parte de nossa essência...
ou talvez tenhamos a certeza, sublimada, disso.
certo é que a luz é ponto, o foco é fato e o mito da caverna é sempre recorrente. talvez, a explicação mais sensata da insensatez humana, de não ultrapassar o véu, a nuvem, a treva.
medo infantil de deparar com uma realidade inimaginável a roubar o conforto da segurança de um mundo que se tem ou que foi dito.
lampejos de consciência como esse se esvaem antes do final da escrita desse texto
(e com eles toda e qualquer possibilidade de percepção).
de modo que essa sensação de agora, de profetizar as existências de maneira quase psicográfica, e no tempo real em que a vida corre, não será demasiada suficiente para que se concretize no ato da transposição do manto opaco dos sonhos reais que se acercam.
saber isso é o máximo de lucidez, ou da loucura, que é permitida.
no mais tudo são sombras e relâmpagos.
Deus e homem.  
vida curta. obra crua. gênio raro. 
impacto. 
punhalada.
ave caravaggio!

paula quinaud

Martirio di sant'Orsola
Caravaggio, 1610 – a última tela

Michelangelo Merisi da Caravaggio
Milão, 29 de setembro de 1571
Porto Ercole, 18 de julho de 1610

são Januário que escreve

enigmático, fascinante e perigoso de uma importância artística, para muito além dos mitos românticos que cercam sua trajetória infeliz e atormentada, como o “pintor assassino”.
filho de Fermo Merisi, administrador e arquiteto-decorador  do marquês de Caravaggio, surgiu na cena artística romana em 1600. 


são João Batista, 1603/1604

trabalhador incansável, mas orgulhoso e teimoso.
sempre disposto discussões e em brigas.
em uma delas, em 1606, matou um jovem.
teve que fugir com a cabeça a prêmio.
por essa época pintou as telas de maior lirismo, como:


a ressurreição de Lázaro

pintor basicamente de  temas religiosos, nem sempre teve as suas pinturas aceitas pelos humores dos seus clientes. em vez de adotar belas figuras etéreas e delicadas, optava por modelos mais humanos, prostitutas, crianças de ruas e mendigos...


flagellazione di Cristo, 1607

artista problemático, resistia ao enquadramento numa linha evolutiva na arte. mas teve antecessores e sucessores claros.
do marquês de Caravaggio, surgiu na cena artística romana em 1600.

a coroação de espinhos, 1602/1603

não pintava os modelos vivos ao natural, mas por meio de espelhos e usando uma iluminação artificialmente dirigida, além de fazer uso de instrumentos óticos que projetavam imagens sobre a tela. reza a lenda, que na atitude mais extrema, usou o corpo de uma prostituta fisgada morta do rio Tibre para pintar...

a morte da virgem, 1604/1606.



dimensão, impacto, realismo, fundo raso, obscuro, negro.
 cenas em primeiro plano. focos intensos de luz. detalhes e rostos.
na arte. na vida.
carreira de pouco mais que uma década, morto aos 38 anos.



:::verso verde:::

moto-perpétuo

é algo que não finda.
quando descansa,
lavra o chão da palavra,
a paulinha,
que tem seis olhos
pra zelar e amar,
e mais dois para amar e amar...
ainda
 tem a labuta,
o leão
e tudo enfim,
e por fim,
a poesia desvelada...
é de quina,
la quinaud,
mas não há esquina
na lua do anil...
porque paula quinaud
é circuLar...

Janet Zimmermann
 
 


coluna da poeta Janet Zimmmermann
no jornal Horizonte/MS

:::feliz em participar:::
 

:::do avesso:::


o avesso do avesso do avesso do avesso…
e tem-se o direito tardando em volteios.

paula quinaud

 
sempre pensei que no final dos quatro avessos de Sampa, estava o direito... 
 hoje se confirmou.