... finda a bonança, e chegada a tempestade que cercava, o que resta é abandonar as armas
e retomar a luta ...

sexta-feira, 24 de junho de 2011

::: entre netas e avós :::


a avó da minha avó,
trisavó?
mandava mobiliar a cabeça...
não queimou sutiã,
mas mobiliava a cabeça:
não liga pra casa,
mobília a cabeça!
deu conselho.
(era moderna de 22)
minha avó obedeceu...
com lidos, cruzadas
e conversa, Laurindo.
- fiquei tempos pensando no Laurindo -
deu de ler.
lia.
ela e eu.
lidava...
ela só.
vida andou,
tempo veio.
resolvi por mobília em mim...
com cenas, cruzadas
e muita palavra.
- fico tempo pensando nas palavras -
faço um mundo de coisa sem fim!
a avó da minha avó ficaria abismada...
ligo pra casa.
(sou antiga de 2000)
- minha avó também -
queimo o sutiã.
- minha avó não -
e mobílio a cabeça!
penso muito,
talvez de sempre...
de quando em vez,
dei de escrever.
escrevo.
minha avó conta causo...
(e conta o causo de novo)
a gente acha graça, e bom.
(e escuta o causo de novo)
a avó da minha avó já foi,
de muito.
ta botando mobília no céu!
minha avó segue...
lendo prosa,
rindo verso,
citando Laurindo,
(aí eu penso de novo no Laurindo!)
dá exemplo...
tem palavra,
faz cruzada,
e um cafuné danado de bom.
eu,
vou levando.
tudo.
e o conselho da avó da minha avó.


paula quinaud