... finda a bonança, e chegada a tempestade que cercava, o que resta é abandonar as armas
e retomar a luta ...

quinta-feira, 7 de julho de 2011

::: de quina :::


canto
ponto
traço
chão
caio não...
ex-quina
de quina!
tá'qui:
de quinaud

o primeiro vídeo-poema a gente nunca esquece... 

terça-feira, 5 de julho de 2011

::: mário chamie :::

Plantio
Mário Chamie

Cava,
então descansa.
Enxada; fio de corte corre o braço
de cima
e marca: mês, mês de sonda.
Cova.

Joga,
então não pensa. Semente; grão de poda larga a palma
de lado
e seca; rês, rês de malha.
Cava.

Calca
e não relembra.
Demência; mão de louco planta o vau
de perto
e talha: três, três de paus.
Cova.

Molha
e não dispensa.
Adubo; pó de esterco mancha o rego
de longo
e forma: nó, nó de resmo.
Joga.

Troca,
então condena.
Contrato; quê de paga perde o ganho
de hora
e troça: mais, mais de ano.
Calca.

Cova:
e não se espanta.
Plantio; fé e safra sofre o homem
de morte
e morre: rês, rés de fome
cava.


Mário Chamie
(Cajobi, 1 de abril de 1933 - São Paulo, 3 de julho de 2011)

Nome muito importante na história das vanguardas surgidas no final da década de 1950 no Brasil, como dissidente do concretismo.
Fundador do poema-práxis com seu livro Lavra Lavra, de 1962, com um posfácio em formato de manifesto. A proposta era mostrar em poesia a prática da vida. Feita com um apanhado de palavras dentro da semântica do tema de escolha do autor.
Foi Secretário Municipal de Cultura e criou a Pinacoteca Municipal, o Museu da Cidade de São Paulo, e o Centro Cultural São Paulo.
Tem mais de 140 obras publicadas e traduzidas em 57 idiomas.



"A criatividade se apresenta tão dele e tão não somente dele que é como se palavras, ou relações entre palavras, nascessem com ele, como se fossem de todo inventadas".

Gilberto Freyre