... finda a bonança, e chegada a tempestade que cercava, o que resta é abandonar as armas
e retomar a luta ...

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

:::objetos & memórias & amigos:::

...
e se bom reaver tanto sonho,
a surpresa do novo tal qual...
essa rede também pesca gente!
pontes caras que antes quebradas,
são agora refeitas, constantes.
e outras vias no acaso encontradas,
trazem novos tão velhos confrades.
que se acham, se achavam perdidos.
escondidos.

passo a perna na curva da história.
e meu leme descubro e domino.
e até volta o meu sonho menino...
de num mundo poder me inventar.
navegar.
ser senhor desse tempo e de mim.

o arquivo do eu faço já.
- sempre há que se ter memória suficiente.

paula quinaud
(do poema tempo neocontado)
publicado aqui na íntegra em 05/06/2011

este post começa com o fim... deste meu poema que fala das novas relações que vão se estabelecendo nessa época virtuosa... onde vamos tendo a oportunidade de arrebanhar pessoas, que vão tomando assento na nossa vida.
e a gente se pergunta: como não estavam até aqui?

no último dia 02/10/11, foi lançado em são Paulo o livro Objetos & Memórias, um belo projeto idealizado por Roseli Bueno e escrito por mais de 300 mãos, cuja renda será totalmente revertida para instituições de amparo à terceira idade.


a proposta apresentada era escrever sobre um objeto pelo qual se tivesse algum vínculo afetivo. algo que fizesse parte da sua história, das suas recordações ou do seu imaginário sentimental.

esse convite foi feito às mais diferentes pessoas... escritores, anônimos, públicos, artistas... profissionais de diversas áreas e de vários cantos e encantos desse país.
cada um trazendo um pouco de suas memórias -
a partir de um objeto!


os temas foram bastante variados e os depoimentos ou contos estão interessantíssimos e merecem ser conferidos no livro:


muito feliz em participar, deixo aqui o registro de momentos...
pra lá de especiais.

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quando temos a oportunidade de nos envolver em projetos que visam contribuir com alguma causa, parece haver uma contrapartida certa.
é como se tudo conspirasse para nos retribuir, às vezes de maneira imediata.
aqui não foi diferente.
e a recompensa veio em forma de encontro.


 
mas foi desses encontros únicos que prescindem o tempo e se instalam em um lugar mágico onde as distâncias não existem.
em instância nenhuma...



para explicar melhor como se deram os fatos, tem-se o bom humor ácido e delicioso da poeta Mara Maracaba:

UM ÔNIBUS
(capítulo I)

Era só um ônibus
Feio, desbotado e velho!
O importante foi que eu senti
Juro que percebi...
Quando eu me lembro de lá
O sublime enlevo das almas
Que enfim se conheciam
Jorge era o motorista
Nos deixou na chuva
Mas encaixou como uma luva
No espírito altruísta
Que predominava acolá
Desconforto, cheiro de diesel queimado...
Sede, fome, mas algo se destacava
O espírito alegre, o sentido de grupo
De quem nele regressava do tal castelo
Sem príncipe ou cavalo e nem sapo apareceu
Uma coisa transpareceu, éramos um todo
Tínhamos uma razão que a todos pareceu
Mas do que suficiente, pra levar na esportiva
Tudo o que aconteceu...
A minha Andréia Sorriso
Todo o tempo a perguntar
Com seu jeitinho mineiro
Oh! Jorrrgggeee....demora muito a chegar?
Ô Jorrrgggeee...você nos leva ao hotel?
Nem vais pras banda de lá...?
E o caro Jorge entre esses e outros papos
Foi gostando de trazer
Esse mundaréu de lá...
A princípio não lhes causavam prazer
Depois que virou “o amigo Jorrrgggeee”
Aquele amigo tão simples...
Ele adorou a descida...dirigiu com bem cuidado
Trazendo todas felizes, tornando-as bem queridas
E de coração marcado, aquecido e estimado
Foi que ele buzinou...
Deu partida!
Foi-se!
Mais alguém que passou
Nesse Encontro em nossas vidas
Jorrrgggeeee, volta pra esse momento mágico...
Obrigada por nos guardar...


mas isso já foi a volta... até aí tem muito mais!

COM TRÊS, FOI A PRIMEIRA VEZ
(capítulo V)

O evento fluía como um rio caudaloso seguindo seu destino, rumo ao mar. Nós seguíamos nosso destino rumo a Mauá! Sabem aonde é? Pois é... quase ninguém sabia, mas lá aconteceria o ápice do lançamento do livro organizado por Roseli Bueno. O local fica em uma colina, os ônibus não subiram até lá e eu arrebentei meus sapatos de cor tomate ao tentar chegar lá... enfim, chegamos...
A sede do evento chamava-se “Monte Castelo”, por imitar um daqueles da Idade Média onde ocorrem os acontecimentos que envolvem muita gente sendo muito mais chique lá.
Salões enormes, lustres surreais, uma ambientação de época, coisa sensacional, para pessoas especiais! Elas escreveram o livro, sem nenhum fim lucrativo, desistiram dos direitos autorais e de outras coisas mais... Continuando a descrição do local, viam-se muito bem dispostas, muitas mesas redondas, grandes, cobertas por alvíssimas toalhas. Sobre as mesas lindos arranjos florais e castiçais quase iguais a cristais com velas brancas acesas, conferindo ao ambiente, um certo ar de nobreza.
Ao sentarmos à mesa estávamos as três protagonistas dessas descrições: Andréia, Hortência e Mara...pus em ordem alfabética, perceberam? Cris Navarro e a filha, um casal que já se encontrava lá e foram invadidos por nós... Alguns minutos depois avistei quem eu não esperava, Paula Quinaud e seu marido Carlos Minchilo, que imediatamente foram acomodados pois as resolvedoras, Andréia e Mara, confiscaram cadeiras das mesas mais próximas....rs rs
A alegria era tanta por esse encontro não previsto e não marcado, que nos abraçávamos e nos beijávamos, pulávamos e só depois dos ânimos serenados, começamos a conversar civilizadamente.
Após muitos salgados e alguns brindes etílicos eu fico rindo para as paredes, pois sou uma cocacólatra... de carteirinha e tudo! Algumas coisas inclusive foram fotografadas, como forma de documentar aquele brinde que os noivos costumam fazer, mas naquele dia especial, foram feitos vários entre três poetisas amigas ou amigas poetisas, que estavam muito felizes... Pensam que foi fácil fazer àquele negócio a três? Entrelaçar os braços e conseguir levar as taças até à boca? Era um enganchar de braços, respingar de cerveja e uma risadaria geral.
Depois foi a vez dos morangos, degustados pelas três ao mesmo tempo e rostos iluminados por estarmos juntos. Teve foto com flores na boca (ideia absurda que eu não sei de quem foi) e outras tantas, todas estranhas.
Destaque maior merece o Carlos, maridão da Paulinha, pois parecia que nos conhecíamos à vida inteira, pois se enturmou e divertiu-se com todas nós.
Houve um momento mais formal, no qual os livros foram autografados pela Roseli Bueno, elegantérrima, num longo azul Royal! Todas tentamos nos portar da maneira correta como nossa mamãe nos ensinou...
Daí, enquanto nos divertíamos, chegou-nos a notícia de que os ônibus já iriam sair... nem nos despedimos adequadamente dos que lá ficaram e nos encaminhamos para aquela bendita condução. Apesar dos atropelos o ônibus estava fechado, começou a chover, entramos provisoriamente em outro, que lá estava estacionado, até o “nosso Jorge chegar"...Sim, esse é aquele sobre o qual tratei no capítulo I dessas narrativas jocosas, que servem mais como mero registro de fatos acontecidos que no final e ao cabo, terminaram todos bem. Tudo perdoado e acertado!

Mara Maracaba


personagens saídos da escrita de um livro.
que se fizeram reais e se fizeram amigos e que hão de estar presentes...
contribuindo para a surpresa e a mágica de todo dia:


TROCANDO A PELE
Nelson Cônsolo Júnior

Renascer do parto do autoconhecimento
demolir os alicerces que fraquejaram,
remover os escombros do que fui, limpar o céu do pensamento
e realinhar as estrelas em novos desenhos de luz.
Lançar em neon o coração como guia da caminhada
e só saciar a sede direto da fonte.
Ignorar as sobras, os pingos, as migalhas,
o que vaza do alheio e nao pulsa como vital.

Sair dele seco e incendiar o aquário das lembranças,
fechar em definitivo o antiquário dos sentimentos perecidos.
Desvestir-me do adulto, vomitar umbigos e princípios,
abandonar meus egos mortos e feridos
(que guardei envernizados, condecorados e polidos).
Limpar os rastros, implodir as pontes,
remover das retinas paisagens, setas e mapas
que nao levaram a lugar algum.
Tirar dos olhos as lágrimas minhas e as que não me pertenciam.

Trocar a pele, remover a neve,
tirar do peito o sol e refazer as pazes com ele !

Lançar no abismo novelos sem mais tentar desembaraçá-los.
Estender as maos sim,
mesmo correndo o risco de que alguns as enxerguem como vazias.
Apagar os rótulos, as grifes, os títulos,
os carimbos e as marcas que me faziam tótem, ídolo, iludido.
Reencontrar-me na nascente,
lavar o rosto na água limpa da essência.
Rever estampada a face na minha origem,
reinventando-me onde eu nasço, onde eu mino...
Para quando esse fio cristalino que sou
fluir rumo aos rios e mares imensos da vida,
eu ainda me reconheça.


Hortência Spring em Vínculo afetivo escolheu um armário alemão recheado de amor e muita poesia.
Nelson Cônsolo Júnior  trouxe  em O tempo, esse temporão, um estojo de barba carregado de emoção de filho, de pai...


 
Dizem que a gente não pode viver de passado, penso que é tão bom a gente ter tido um passado... Então a gente aproveita o hoje, se lembra do ontem com louvor, e traça o destino para que no amanhã possamos colher as flores, sementes do passado, cultivadas no hoje!

Andréia Tafuri
presente e passado no livro com  As agendas.

quanto ao meu, que se chama Aos sete, fala de um amor antigo:
...

...

e vem mais por aí:
dia 02 de novembro será lançado na Feira do livro de Porto Alegre.
organização de Bia Castellano e Viviane Aquino.

muito mais, informações e aquisição:


::: foi assim :::

2 comentários:

Karla Mello disse...

Puxa, Paula!
Muito legal este Projeto!
E o grande ENCONTRO, então?
"Feras" da Poesia do nosso espaço virtual...
Parabéns, Paula!
Parabéns a todos!
Meu respeito, admiração e carinho sempre.

Karla Mello

Paula Quinaud disse...

obrigada Karlinha!
pelo carinho e pelo incentivo!
sempre.
um grande bjo pra vc.