... finda a bonança, e chegada a tempestade que cercava, o que resta é abandonar as armas
e retomar a luta ...

terça-feira, 25 de outubro de 2011

:::oswald:::

.nasceu filho único em São Paulo em 11 de janeiro de 1890.

- José Oswald de Sousa Andrade -


Senhor
Que eu não fique nunca
Como esse velho inglês
Aí do lado
Que dorme numa cadeira
À espera de visitas que não vêm


(Primeiro caderno do aluno de poesia)

livro publicado em 1927,com tiragem de 299 exemplares, numerados de 2 a 300, mais um, em edição especial, de luxo, feita especialmente para Tarsila do Amaral.

...”o exemplar de número 18, faz parte do acervo da Sociedade Pró-Arte Moderna (SPAM). na página de rosto, Oswald transcreveu o poema “Erro de português”, como dedicatória para Jayme da Silva Telles, um dos fundadores da SPAM, criada em São Paulo em 1932 com objetivo de promover manifestações artísticas que se alinhavam com o modernismo brasileiro.”
acervo do Istituto Moreira Sales

Erro de português
Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.


no dia 27 de setembro de 2011 foi inaugurada no Museu da Língua Portuguesa uma mostra que cobre todos os períodos da vida desse escritor, retratado nas dimensões poética, histórico-biografica e filosófica.

para tanto, foi criado um roteiro que permite ao visitante o passeio por  quatro fases principais de sua vida...


... as quatro gares



(1890-1919)-garoto bem nascido sob as ordens de mamãe

(1920-1929)-ajudou a introduzir a modernidade artística no Brasil
       -vanguardista que revolucionou a literatura
íntegra manifesto antropófago em:  

(1930-1945)-revolucionário que abraçou causas populares

(1945-1954)- fase da utopia, em que retoma o ideário antropofágico e cai no ostracismo


.sob as ordens das mulheres/contra as ordens dos homens.

um passeio à parte é o carrossel amoroso e as suas mulheres
Kamiá  - Henriette Denise Boufflers
Carmen Lydia
Maria de Lourdes Castro Dolzani de Andrade - Miss Cyclone - Deisi
Tarsila do Amaral
Patricia Galvão - Pagu
Pilar Ferrer
Isadora Duncan
Julieta Bárbara Guerrini
Maria Antonieta


- amores e tédios e desamores e paixões e ódios -


A descoberta

Seguimos nosso caminho por este mar de longo
Até a oitava da Páscoa
Topamos aves
E houvemos vista de terra
os selvagens
Mostraram-lhes uma galinha
Quase haviam medo dela
E não queriam por a mão
E depois a tomaram como espantados
primeiro chá
Depois de dançarem
Diogo Dias
Fez o salto real
as meninas da gare
Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis
Com cabelos mui pretos pelas espáduas
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que de nós as muito bem olharmos
Não tínhamos nenhuma vergonha.



Canto de regresso à pátria
 
 
Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo.

...
Há poesia
Na dor
Na flor
No beija-flor
No elevador
...
(in Poesias Reunidas. Rio de Janeiro,
Civilização Brasileira, 1971)


+em 22 de outubro de 1954+

e foi  recuperado nos anos 60 pelos poetas concretistas e
pelos tropicalistas



“Direito de ser traduzido, reproduzido e deformado em todas as línguas.”
1933, no verso da folha de rosto da edição original de Serafim Ponte Grande


OSWALD DE ANDRADE: O CULPADO DE TUDO
curadoria - José Miguel Wisnik,
curadoria-adjunta - Cacá Machado e Vadim Nikitin
consultoria - Carlos Augusto Calil e Jorge Schwartz
projeto expográfico - Pedro Mendes da Rocha.

Museu da Língua Portuguesa
Terça à domingo, das 10h às 17h
Praça da Luz, s/n
27/09/2011 - 30/01/2012
R$6,00 - aos sábados a visitação é gratuita

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