belo dia e o verso não vem.
mais arteiro que mau, perde a hora.
pois se a musa não faz de rogada,
o verbo se faz de ninguém.
a catarse vital se faz longe.
e a palavra servil, caprichosa,
sai dançando entre riscas e notas.
e arisca e distante e louca,
some grave...
e a rima, que é tanta, anda prosa.
ri marota, ao farrapo da escrita.
rima rota!
sem rumo e sem eixo.
diz com texto.
e assim fica tudo estancado.
abafado.
a consciência plena.
o sentimento plano.
e o poema, adiado...
mas a alma pelada de medo,
sai vagando ao bailado da sorte.
só e sempre.
como eterna catadora de palavras.
paula quinaud
O Dia Nacional da Poesia, não por acaso, coincide com a comemoração do nascimento do grande escritor baiano Castro Alves. Poeta do Romantismo, foi autor de belíssimas obras, como o “Navio Negreiro” e “Espumas Flutuantes”. Sua arte era movida pelo amor e pela luta por liberdade e justiça.
A um coração
Ai! Pobre coração! Assim vazio
E frio
Sem guardar a lembrança de um amor!
Nada em teus seio os dias hão deixado!...
É fado?
Nem relíquias de um sonho encantador?
Não frio coração! É que na terra
Ninguém te abriu... Nada teu seio encerra!
O vácuo apenas queres tu conter!
Não te faltam suspiros delirantes,
nem lágrimas de afeto verdadeiro...
É que nem mesmo — o oceano inteiro —
Poderia te encher!...
E frio
Sem guardar a lembrança de um amor!
Nada em teus seio os dias hão deixado!...
É fado?
Nem relíquias de um sonho encantador?
Não frio coração! É que na terra
Ninguém te abriu... Nada teu seio encerra!
O vácuo apenas queres tu conter!
Não te faltam suspiros delirantes,
nem lágrimas de afeto verdadeiro...
É que nem mesmo — o oceano inteiro —
Poderia te encher!...
Castro Alves
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