... finda a bonança, e chegada a tempestade que cercava, o que resta é abandonar as armas
e retomar a luta ...

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

:::quadrinhas, amor e alguma culpa:::

mea culpa
a palavra era de vidro.
e foi quebrada pelo tom.
espalhou-se  em cacos, letras,
pelo chão do momento que não volta.

ecoou em fragmentos de cantos e rimas...
tentei reunir pedaços.
fingi imprimir sentido.
me cortei no fio da fala.
me calei na faca do dolo.
e sangrei verdade.

cada ser é o que pode.
alguns, menos.

paula quinaud
...
o anel que tu me destes
era vidro e se quebrou
o amor que tu me tinhas
era pouco e se acabou
...
...
o cravo brigou com a rosa
debaixo de uma sacada
o cravo saiu ferido
a rosa despedaçada
...


da cantiga faz-se quadra
as quadras se fazem cantigas
Eu morava na areia , sereia
Me mudei para o sertão , sereia
aprendi a namorar , sereia
com um aperto de mão.Oh!sereiá
Lá vem a chuva , sabiá
Em beira-mar , sabiá
Vai ver seu ninho , sabiá
Pra não molhar.Chô!sabiá

quadrinha
maria bethânia


é muito usada em diversos estilos de poesia,
e recorrente na forma popular.
(sertaneja, matuta, caipira, embolada...)

a quadra iniciou o cordel, mas hoje não é mais utilizada pelos cordelistas.
(cordel merece um post... breve)


por enquanto, quadras na primeira Pessoa:
dois anos antes do seu falecimento, Fernando Pessoa  começou a escrever centenas de quadras, publicadas pela primeira vez em 1965.
 Quadras ao Gosto Popular
texto estabelecido e prefaciado por George Rudolf Lind e
Jacinto do Prado Coelho.
especula-se que viriam a compor um texto único.

 Andorinha que vai alta
Porque não me vens trazer
Qualquer coisa que me falta
E que te não sei dizer?

Tens um livro que não lês,
Tens uma flor que desfolhas;
Tens um coração aos pés
E para ele não olhas.

Eu tenho um colar de pérolas
Enfiado para te dar:
As pérolas são os meus beijos,
O fio é o meu pesar
.

aquarelas e óleos inspirados de: http://www.anarazuk.com/ 

e no popular:

amanhã eu vou embora
comigo não vai ninguém
quem não me conhece, chora
que fará quem me quer bem?
toda vez que considero
que tenho de te deixar
me foge o sangue na veia
e o coração do lugar
bate bate coração
arrebenta este peito
como cabe tanta mágoa
num espaço tão estreito?
lá no céu tem três estrelas
todas três encarrilhadas
uma é minha, outra é sua
outra de minha namorada
trepei num morro de fogo
com “precata” de algodão
desci numa ponta de nuvem
com mil coriscos na mão
vou escrever uma carta
com a pena do quero-quero
pra te mandar dizer
que não te ligo nem te quero
você disse que bala mata
bala não mata ninguém
a bala que mais me mata
são os olhos de meu bem
sete e sete são quatorze
com mais sete vinte e um
eu tenho sete namorados
mas eu gosto é só de um
menina dos olhos grandes
não olha tanto pra mim
se não queres meu amor
por que me olhas assim?
lá no fundo do quintal
tem um tacho de melado
quem não sabe contar versos
é melhor ficar calado!

ilustrações e mais:


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