Humberto Espíndola
da série Bovinocultura, 1969
óleo sobre tela
no dia em que acordei gado,
desgarrado do campo de mim,
me vi remanso.
rês mansa.
com a carne partida em cortes largos.
e o mundo virou pasto!
o raio caiu de ponta,
à cabeça de vento que me era amparo.
e eu baixei o olhar e vi o mundo sem profundidade.
segui o seco e o reto e o conformado.
o oco do universo se fez guia.
o pouco do manifesto se fez água.
e o tudo era só caminhar...
e esperar na engorda, o abate.
ou redormir.
rês sonhar...
paula quinaud
Humberto Espíndola
Rosa-boi, 1999
acrílica sobre tela
75 X 95cm
acrílica sobre tela
75 X 95cm
por ser de lá
do sertão, lá do cerrado
lá do interior do mato
da caatinga e do roçado
eu quase não saio
eu quase não tenho amigo
eu quase que não consigo
ficar na cidade sem viver contrariado
por ser de lá
na certa, por isso mesmo
na certa, por isso mesmo
não gosto de cama mole
não sei comer sem torresmo
eu quase não falo
eu quase não sei de nada
sou como rês desgarrada
nessa multidão, boiada caminhando à esmo
lamento sertanejo
(Dominguinhos/Gilberto Gil)
da série Cupins
Humberto Espíndola
criador e difusor do tema bovinocultura.
muito mais: http://humbertoespindola.blogspot.com.br/
...na boiada já fui boi
mas um dia me montei
não por um motivo meu
ou de quem comigo houvesse
que qualquer querer tivesse
porém por necessidade...
disparada
óleo sobre tela, 171X151Humberto Espíndola
post concebido a partir do olhar de Janet Zimmermann,
que se lembrou de Humberto Espíndola nos meus versos.
2 comentários:
Que lindeza!! Seu poema tem tudo a ver com a arte do Humberto Espindola!! Parabéns, Paula Quinaud, ficou d+++!! Grata pelo carinho...
muito obrigada pela visita e pelo carinho e pela inspiração, Janet! um bjo.
Postar um comentário