... finda a bonança, e chegada a tempestade que cercava, o que resta é abandonar as armas
e retomar a luta ...

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

::: baile, renoir e mallarmé :::

:::o baile:::

trago impressões desses dias,
decalcadas nas tramas das telas.
a paleta me serve de ponte.
um mundo de rosas...
e azul.
damas da noite,
moças da arte.
danças de corte.
a beleza é sempre o que fica,
a leveza o que  cabe na vida.
a cidade com luzes tão nuas,
ri.
finta  fresca, se faz de fluída.
cedo sonho,
traço.
passo.
e guardo o que é dor só em mim.

fico.
o tempo aqui é momento.

paula quinaud

Le Moulin de la Galette, 1876

Pierre Auguste Renoir
25-02-1841 ( Limoges)  -  3-12-1919 (Cagnes-sur-Mer)
artista plástico francês - fez parte do impressionismo.
autoretrato, 1897

estilo artístico marcado pela presença de cores fortes e brilhantes, texturas, linhas harmônicas e grande sentimento lírico. pinturas em que prevalecem as formas humanas individuais, grupos de pessoas e paisagens. 


"A dor passa, mas a beleza permanece."

Menina com espigas, 1888

apesar das críticas que recebeu quando começou a pintar, Renoir era um artista que não tinha vergonha de celebrar a beleza:
"Não dou um nu por terminado até que tenha a sensação de que possa beliscá-lo."

Banhista enxugando a perna direita, 1910

boas biografias:


algumas obras :
 
Mulher com sombrinha, 1867

O Camarote, 1874

Remadores em Chatou, 1879

A dança em Bougival, 1883

Odalisca, 1904

Retrato de Claude Renoir, 1908


o Brasil em rosa e azul:
"As Meninas Cahen d'Anvers" foi encomendado em 1881 pelo banqueiro Louis Raphael Cahen d'Anvers, pai das meninas Alice e Elisabeth Cahen d'Anvers, que aparecem no quadro. A obra pertence ao acervo do Museu de Arte de São Paulo (MASP) desde que foi adquirida por Assis Chateaubriand (fundador do Museu).

Les Demoiselles Cahen d'Anvers - Rose et Bleue, 1881

"Renoir, pintando Rosa e Azul, mostra na vibração da superfície e das cores vivas que compõem os vestidos das meninas toda a vivacidade e a graça instintivamente feminina que se esconde atrás da convenção da pose, todo o frescor e a candura da infância. As meninas quase se materializam diante de observador, a de azul com o seu ar vaidoso e a de rosa com um certo enfado, quase beirando as lágrimas."
(Texto junto ao quadro - MASP)

se a família não gostou do resultado do quadro, que ficou esquecido, escondido em um lugar qualquer obscuro da casa e só muitos anos depois redescoberto, o tempo lhe fez jus e a história trouxe seguidores.
 serviu de inspiração para muitos artistas...


Damas em Giverny, 2005  (óleo sobre tela - 47x59cm)
Washington Maguetas,
imaginando como estariam estas duas irmãs de rosa e azul após alguns anos, visitando os jardins da casa de Monet na cidade de Giverny, na França.


"Meninas da Noite", 1994 – (óleo sobre tela/madeira - 56 x 40 cm)


Magali e Mônica de Rosa e Azul, 1989
Maurício de Souza
após ver pessoas tentando copiar o quadro original durante uma exposição no MASP.

"Porque a Pintura não pode ser Bela? O Mundo já tem coisas desagradáveis demais."

Les deux sœurs, 1889
crê-se que as modelos sejam as mesmas:

sua forma de observar o mundo e a natureza, tornam-no inconfundível. a luz se espalha pelos seus quadros e capta o momento, segundo a sua impressão...

impressionismo - movimento das artes plásticas que se desenvolve na pintura entre 1870 e 1880, na França, no fim do século, e influencia também a música. é o marco da arte moderna porque é o início do caminho rumo à abstração. a intenção é apreender o instante em que a ação está acontecendo, criando novas maneiras de captar a luz e as cores.

a primeira exposição pública impressionista é realizada em 1874, em Paris.
entre as obras, está a tela que dá nome ao movimento:

Impressão: o Nascer do Sol, 1872
Claude Monet

Outros expoentes são os franceses Édouard Manet (1832-1883), Auguste Renoir (1841-1919), Alfred Sisley (1839-1899), Edgar Degas (1834-1917) e Camille Pissarro (1830-1903).

Ao piano, 1893

de música também se faz impressão:
as idéias do impressionismo são adotadas pela música por volta de 1890, na França. as obras se propõem a descrever imagens e várias peças têm nomes ligados a paisagens, como Reflexos na Água, do compositor francês Claude Debussy
(1862-1918), pioneiro do movimento.






Láprès-midi d'un faune

Ces nymphes, je les veux perpétuer. Si clair,
Leur incarnat léger, qu'il voltige dans l'air
Assoupi de sommeils touffus.
Aimai-je un rêve ?
Mon doute, amas de nuit ancienne, s'achève
En maint rameau subtil, qui, demeuré les vrais
Bois même, prouve, hélas! que bien seul je m'offrais
Pour triomphe la faute idéale de roses --
Réfléchissons...
(...)
O sûr châtiment...Non, mais l'âme
De paroles vacante et ce corps alourdi
Tard succombent au fier silence de midi :
Sans plus il faut dormir en l'oubli du blasphème,
Sur le sable altéré gisant et comme j'aime
Ouvrir ma bouche à l'astre efficace des vins !
Couple, adieu ; je vais voir l'ombre que tu devins.



fragmento :
A tarde de verão de um fauno
A tarde de um fauno
A sesta de um fauno

 
 "...E que ao lento prelúdio onde nascem as flautas,
E que ao prelúdio lento em que nascem as flautas,
E que ao lento prelúdio das varas de visgo,
Este arroubo de cisnes, ou náiades! foge
Este vôo de cisnes, náiades! se esquiva
Esses signos no ar, mulheres! ludibriam
Ou mergulha....
Ou imerge...
Ou afundam...”


tridução de Décio Pignatari
(traduziu cada verso de três modos diferentes)
muito mais em outro post - breve...


conhecido por ser um marco na história do simbolismo na literatura francesa - Paul Valéry considerou-o como o maior poema da literatura da França -
originou também o balé L'après-midi d'un faune de Vaslav Nijinsky,  sendo assim a primeira experiência de arte multidisciplinar da Arte Moderna. 


e foi ilustrada por Édouard Manet:

frontispice pour l’Après-Midi d’un faune, par Edouard Manet (1876)


"O Pintor da vida"  trazendo beleza, paz e alegria às almas que o cercam, viveu 78 anos…
reza a lenda que Renoir não passou nenhum dia sem pintar, e
no final da vida visitou no Louvre, seus quadros entre os dos grandes.
assim se fez mestre também.

Mulher lendo, 1891
e no fim  (e no início) tudo é poesia...

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