Hoje é dia São Jorge da Capadócia de livros e rosas, porque na Catalunha é o dia do santo padroeiro, do amor e da cultura. A questão do livro vem de 1926 quando a Espanha instaurou o dia 23 de Abril como Dia do Livro pois esta data coincidia com a morte de Cervantes, imitando a Inglaterra que já o celebrava no mesmo dia - porque também coincide com a morte de Shakespeare. Já com as rosas é muito difícil definir a data exata que marcou o início da tradição popular de oferecê-las no dia de São Jorge. Deve ser muito antiga, já que, desde o século XV há registros da celebração da Feira das Rosas neste dia.
Por aqui dar rosas hoje cai bem, pra celebrar o nascimento de Alfredo da Rocha Vianna Filho, que nos ofertou com a mias bela de todas:
Tu és, divina e graciosa
Estátua majestosa do amor
Por Deus esculturada
E formada com ardor
Da alma da mais linda flor
De mais ativo olor
Que na vida é preferida pelo beija-flor
Se Deus me fora tão clemente
Aqui nesse ambiente de luz
Formada numa tela deslumbrante e bela
Teu coração junto ao meu lanceado
Pregado e crucificado sobre a rósea cruz
Do arfante peito seu
Tu és a forma ideal
Estátua magistral oh alma perenal
Do meu primeiro amor, sublime amor
Tu és de Deus a soberana flor
Tu és de Deus a criação
Que em todo coração sepultas um amor
O riso, a fé, a dor
Em sândalos olentes cheios de sabor
Em vozes tão dolentes como um sonho em flor
És láctea estrela
És mãe da realeza
És tudo enfim que tem de belo
Em todo resplendor da santa natureza
Perdão, se ouso confessar-te
Eu hei de sempre amar-te
Oh flor meu peito não resiste
Oh meu Deus o quanto é triste
A incerteza de um amor
Que mais me faz penar em esperar
Em conduzir-te um dia
Ao pé do altar
Jurar, aos pés do onipotente
Em preces comoventes de dor
E receber a unção da tua gratidão
Depois de remir meus desejos
Em nuvens de beijos
Hei de envolver-te até meu padecer
De todo fenecer
Rosa
Pixinguinha / Otávio de Souza
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